sábado, 15 de julho de 2017

Dom Quixote de la Mancha



Resumo


Dom Quixote de la Mancha é um livro que conta as aventuras de Dom Quisada (ou Quixano), fidalgo de uma aldeia da Mancha que, amante da literatura, passava os dias a ler os muitos livros de sua biblioteca. No entanto, de tanto ler livros de cavalaria para ocupar seu tempo ocioso, passou a acreditar que também ele poderia se tornar um cavaleiro andante. O seu maior desejo era salvar donzelas em perigo, enfrentando fabulosas aventuras. Para se transformar em Dom Quixote, recuperou parte da armadura antiga de seu bisavô que há séculos estava guardada, ajeitou com massa de papelão e montou em seu cavalo magro (pangaré) que chamou Rocinante. Deu-se conta de que, como bom cavaleiro, precisava de uma dama por quem se apaixonar. Lembrou-se de uma jovem camponesa que morava em uma aldeia perto da sua e deu a ela o título de “senhora de seus pensamentos”, passando a chamá-la Dulcineia Del Toboso.


Não tardaram a começar as aventuras atrapalhadas de Dom Quixote. Na primeira saída com seu cavalo, arrumou confusão com duas camponesas que cortejou no caminho. Depois se fez armar cavaleiro em uma estalagem que pensou ser um castelo, o que atraiu a curiosidade dos hóspedes e, por fim, a situação se tornou uma grande confusão quando Dom Quixote se enfureceu com um tropeiro que tocou em sua armadura.


Após algumas confusões voltou para casa, onde ficou por 15 dias, e lá a sobrinha, o padre e o barbeiro tentaram dissuadi-lo da ideia de ser cavaleiro. Passado o período de aparente lucidez, voltou ao estado de devaneio. Um dia mandou chamar um camponês, Sancho Pança, que era seu vizinho, e o convidou a ser seu escudeiro. Em troca prometeu que se em alguma das aventuras conquistasse uma ilha, deixaria que ele fosse governador dela. Esta e outras promessas convenceram Sancho a acompanhar Quixote.


A primeira aventura de cavaleiro e escudeiro foi a batalha dos moinhos de vento, passagem em que Dom Quixote confunde moinhos com gigantes e leva a pior ao tentar enfrentá-los. Durante os dois meses em que se aventuraram juntos, muitas foram as confusões em que Quixote se envolveu e em que Sancho tentou ajudar. A maior foi quando ordenou que os bandidos das galés fossem libertados. O espírito justiceiro e benevolente do cavaleiro também lhe fez interromper os açoites de um senhor com seu empregado. Outra situação que terminou mal para Quixote foi quando confundiu um rebanho de ovelhas com inimigos.


Em certo momento da viagem, pede que Sancho escreva e entregue uma carta a sua amada Dulcineia. Ele dita a carta e espera no campo o retorno do companheiro. No entanto, o padre e o barbeiro, que estavam preocupados com o desaparecimento de Quixote, convencem Sancho de que o cavaleiro não está bem e precisa de ajuda. Fazem-no desistir de entregar a carta e lhe acompanham até próximo de onde estava Dom Quixote. O plano que inventam é de imitarem donzelas em perigo para atrair o cavaleiro de volta a Mancha. Porém, no caminho, encontram dois jovens unidos por uma história trágica. Ajudam a eles, que também se dispõem a ajudar na missão de trazer Quixote de volta para casa, o que não tem sucesso.


Dom Quixote procura sua amada em Toboso, mas já não se lembra bem de sua fisionomia. Sancho Pança, então, inventa que três jovens camponesas que passam são Dulcineia e suas damas de honra, deixando Dom Quixote satisfeito – ainda que tenha sido atingido por um repolho por uma das jovens, que não gostou nada do cortejo. Outro que intercede para levar Quixote de volta a Mancha é Sansão que, querendo agradar a sobrinha do fidalgo, se disfarça de cavaleiro dos espelhos. No entanto esse plano também não dá certo porque seu cavalo despreza o duelo.


Dom Quixote e Sancho Pança seguem seu caminho e encontram um duque e sua esposa. Tendo já lido as aventuras da dupla em livro, resolvem zombar dos dois. Inventam combates fictícios, trazendo momentos de verdadeira aventura para o cavaleiro. Além disso, fazem Dom Quixote crer que havia conquistado uma ilha permitindo com que ele cumprisse a promessa de tornar Sancho Pança governador. No último combate, que teria como consequência para o perdedor o retorno ao lar e o fim da carreira de cavaleiro andante, Quixote é derrotado por Sansão e é obrigado a retornar a Mancha. Por fim se resigna, abandona os romances de cavalaria e morre como bom cristão.






Curiosidade



Dom Quixote foi publicado por Miguel de Cervantes em 1605 e se tornou muito popular, o que fez o autor decidir continuar a história em um segundo tomo. No entanto, em 1614, enquanto terminava de escrever a continuação da história, um plagiador de codinome Alonso Férnandez de Avellaneda publicou em Tarragona um suposto segundo volume da obra. Cervantes ficou muito irritado, mas aproveitou o episódio para explorar o que podia ter de cômico. Dessa forma, fez Dom Quixote desviar do caminho de Zaragoza para Barcelona, com o propósito de questionar Avellaneda sobre sua invenção. Esta é, de fato, uma das partes mais cômicas do romance, em que o rival de Cervantes se torna personagem de sua obra.



Citação


A batalha dos moinhos de vento (capítulo VIII/ Primeira Parte)


Quando nisto iam, descobriram trinta ou quarenta moinhos de vento, que há naquele campo. Assim que D. Quixote os viu, disse para o escudeiro:


— A aventura vai encaminhando os nossos negócios melhor do que o soubemos desejar; porque, vês ali, amigo Sancho Pança, onde se descobrem trinta ou mais desaforados gigantes, com quem penso fazer batalha, e tirar-lhes a todos as vidas, e com cujos despojos começaremos a enriquecer; que esta é boa guerra, e bom serviço faz a Deus quem tira tão má raça da face da terra.


— Quais gigantes? — disse Sancho Pança.


— Aqueles que ali vês — respondeu o amo — de braços tão compridos, que alguns os têm de quase duas léguas.


— Olhe bem Vossa Mercê — disse o escudeiro — que aquilo não são gigantes, são moinhos de vento; e os que parecem braços não são senão as velas, que tocadas do vento fazem trabalhar as mós.


— Bem se vê — respondeu D. Quixote — que não andas corrente nisto das aventuras; são gigantes, são; e, se tens medo, tira-te daí, e põe-te em oração enquanto eu vou entrar com eles em fera e desigual batalha.


Dizendo isto, meteu esporas ao cavalo Rocinante, sem atender aos gritos do escudeiro, que lhe repetia serem sem dúvida alguma moinhos de vento, e não gigantes, os que ia acometer. Mas tão cego ia ele em que eram gigantes, que nem ouvia as vozes de Sancho nem reconhecia, com o estar já muito perto, o que era; antes ia dizendo a brado:


— Não fujais, covardes e vis criaturas; é um só cavaleiro o que vos investe.


Levantou-se neste comenos um pouco de vento, e começaram as velas a mover-se; vendo isto D. Quixote, disse:


— Ainda que movais mais braços do que os do gigante Briareu, heis-de mo pagar.


E dizendo isto, encomendando-se de todo o coração à sua senhora Dulcinéia, pedindo-lhe que, em tamanho transe o socorresse, bem coberto da sua rodela, com a lança em riste, arremeteu a todo o galope do Rocinante, e se aviou contra o primeiro moinho que estava diante, e dando-lhe uma lançada na vela, o vento a volveu com tanta fúria, que fez a lança em pedaços, levando desastradamente cavalo e cavaleiro, que foi rodando miseravelmente pelo campo fora.


Acudiu Sancho Pança a socorrê-lo, a todo o correr do seu asno; e quando chegou ao amo, reconheceu que não se podia menear, tal fora o trambolhão que dera com o cavalo.


— Valha-me Deus! — exclamou Sancho — Não lhe disse eu a Vossa Mercê que reparasse no que fazia, que não eram senão moinhos de vento, e que só o podia desconhecer quem dentro na cabeça tivesse outros?


— Cala a boca, amigo Sancho — respondeu D. Quixote; — as coisas da guerra são de todas as mais sujeitas a contínuas mudanças; o que eu mais creio, e deve ser verdade, é que aquele sábio Frestão, que me roubou o aposento e os livros, transformou estes gigantes em moinhos, para me falsear a glória de os vencer, tamanha é a inimizade que me tem; mas ao cabo das contas, pouco lhe hão-de valer as suas más artes contra a bondade da minha espada.


— Valha-o Deus, que o pode! — respondeu Pança.


E ajudando-o a levantar, o tornou a subir para cima do Rocinante, que estava também meio desasado.





Avaliação



A leitura de Dom Quixote agradou ao grupo, ainda que a obra seja bastante extensa. A linguagem é acessível, os capítulos são curtos e as aventuras e confusões dos protagonistas são cômicas e envolventes. A crítica às novelas de cavalaria e, ao mesmo tempo, a valorização da literatura, através desse personagem que ainda vive em nosso imaginário, é marca desse romance pré Romântico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Odisséia - Homero

Resumo Odisséia conta o trajeto de Odisseu (ou Ulisses), rei de Ítaca, saindo da guerra de tróia - escrita em outra obra de Homero, Ilíad...