domingo, 16 de julho de 2017

ROBINSON CRUSOÉ - DANIEL DEFOE

 RESUMO

Robinson Crusoé é uma "auto biografia" da personagem de mesmo nome, que nasceu em York, Inglaterra por volta de 1600, teve uma vida tranquila e confortável, com acesso à uma boa educação, e com todos os meios de ser um advogado, como esperava a família. Apesar dos conselhos e pedidos dos pais, alertando-o dos perigos e dificuldades que sofreria, ele decide se render à seu desejo, o de navegar pelo mundo em busca de aventuras, e querendo empreender.
Crusoé é um modelo do novo homem que surge com o crescente processo de mercantilização e colonização pela força, com a influência do protestantismo e de um início de iluminismo. Um sujeito, com a sua subjetividade clara e centrada, voltada para o mundo e realização de seus interesses. A narrativa se afasta dos clássicos por todas essas razões, então o destino da personagem é em maioria feito por ele próprio, que, em vez de ficar em conflitos morais, age, com a metodologia da razão. O modo como vê o mundo faz com que seja emocionalmente distante, não demonstrando ter laços afetivos ou empatia, apenas relações institucionalizadas, relacionadas à sua exploração ou de interesse econômico. Até mesmo com a família.
Ele deixou o lar, e é só quando a situação fica ruim para si, como na primeira tempestade que enfrentou, é que se lembra da família, e pensa ter feito errado ao deixá-los, fazendo a Deus promessas de retorno, que esquece logo depois que a tormenta passa. Depois tem uma parte em que ele é escravizado por turcos, é ajudado por um garoto ao qual posteriormente vende (até tem certo arrependimento depois, mas é porque ele seria útil se ainda o tivesse).
Ele vem para o Brasil explorar jeitos de ganhar dinheiro, comércio, cultivo de terras, etc. Até, em conjunto com o que ele chama de bons homens, seus sócios, parte em direção à África para trazer escravos e assim aumentar os lucros com a terra. Esse modo tão natural de ver a escravidão é chocante apesar de sabermos que era assim na época, pois ele próprio sabia como era ser escravo, e nem assim cria empatia. Nesta viagem seu navio naufraga no Caribe e apenas ele se salva, chegando a uma ilha.
Nesta ilha, ele passa 24 anos (pois tem grande necessidade de marcar o tempo) sozinho, se preocupando imensamente com sua segurança, e a partir do que consegue recuperar do navio, aprende a criar, construir e produzir inúmeras coisas. Constrói uma casa que mais parece uma fortificação, guarda várias armas e pólvora, cemeia a terra, arrebanha umas cabras da ilha, faz cestos, vestimentas, pão, queijo, etc. Depois desse tempo, ele descobre que a ilha não é totalmente deserta, que índios antropófagos fazem seus rituais lá, chegando de uma ilha próxima com barquinhos. Os observa de longe e pensa em como fazer para capturar alguns, até que um dos prisioneiros que comeriam corre para a mata em sua direção, e ele o salva daqueles que o perseguem atirando neles. Ele o nomeia de Sexta-feira, pois foi o dia em que o encontrou, o ensina o inglês, o cristianiza, e já que ele "evidentemente quer ser seu escravo para sempre", o ensina a chamá-lo de senhor (até tem uma parte em que diz amar Sexta-feira como a um filho, mas suas ações não condizem com o que fala). Eles resgatam dos índios, também um espanhol, de um navio que naufragou e o pai de Sexta-feira, que vão voltar para buscar outras pessoas nesta outra ilha próxima. Antes que retornem entretanto, um navio inglês amotinado chega à ilha, para abandonar o capitão e homens fiéis a ele, aos quais Crusoé e Sexta-feira libertam, e com estratagemas retomam o navio. E simplesmente parte para a Inglaterra (depois de 28 anos na ilha), sem esperar pelos que estavam a caminho com o espanhol e o pai de Sexta-feira, ou sequer saber o que aconteceu a eles.
Recebe de seus sócios no Brasil, que cuidaram de seus negócios, o dinheiro que lhe cabia, se casou, viveu confortavelmente.


CURIOSIDADES

  • Foi o primeiro romance inglês, e deu início às narrativas de aventura, muito apreciadas até hoje, presente em inúmeros filmes também.
  • Esse espírito empreendedor de Crusoé, foi inspirado no do próprio autor Daniel Defoe, que teve várias profissões e negócios, se jogando em empreitadas, de modo que fazia fortuna, para perde-la e fazê-la novamente.
  • Acredita-se que sua maior inspiração tenha sido a história do marinheiro Alexander Selkirk, que passou alguns anos sozinho em uma ilha deserta do oceano Pacífico, próxima a costa do Chile.
  • Foi originalmente publicado na forma de folhetim no The Daily Post.
  • As características da ilha foram provavelmente baseadas na ilha de Tobago.


CITAÇÃO ESCOLHIDA

"A vista daquele dinheiro deu-me vontade de sorrir. - Metal miserável! - exclamei. - Para que podes servir-me? Nem vale a pena que me incomode a apanhar-te: uma só destas facas é-me muito mais preciosa. Fica onde estás e some-te no fundo do mar, como um ser cuja vida não é digna de salvação!
Mesmo assim, depois deste arrebatamento caí em mim e pegando naquele dinheiro com os demais utensílios que tinha encontrado no armário, embrulhei-o."
(páginas 51-52)

AVALIAÇÃO

É um texto muito bom, que traz inúmeras questões que, infelizmente, fizeram parte da nossa história e ainda vemos hoje, o egocentrismo do homem capitalista, a apologia ao idealismo burguês da meritocracia, o eurocentrismo e o modo natural como o escravismo era visto, e seus reflexos hoje no racismo.
Mas o final não é bom, aquele ser desprezível deveria ter ficado naquela ilha para sempre.

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